A vida amorosa de Joaquim poderia ser confundida com um filme de terror: um susto atrás do outro. Traumatizado, ele não queria mais saber de se apaixonar. E ficou sozinho por um ano.
Então Joaquim começou a sonhar com uma mulher ruiva. Seus olhos eram azuis, talvez tenha sido a imagem mais bonita que ele já vira. No sonho, ela corria numa praia em sua direção, dizendo:
— Eu estou chegando.
O sonho se repetiu por várias semanas, até que, numa manhã ensolarada, Joaquim entrou na padaria para tomar café e viu a mulher dos seus sonhos, sentada no balcão, esperando ser atendida.
Por um momento, ele ficou ali parado, dividido entre o medo de quebrar a cara outra vez e o desejo de arriscar. Mas a vontade de conhecê-la falou mais alto. No entanto, antes mesmo de abrir a boca, a mulher o encarou e disse:
— Já sei. Você vai me contar que tem sonhado comigo. Acontece que não foi o único. Mais três homens tiveram o mesmo sonho recorrente.
Surpreendido, Joaquim perguntou:
— E o que isso significa?
A ruiva fez uma pequena dobra no guardanapo de papel enquanto respondia:
— Significa que você chegou atrasado. Estou namorando o primeiro cara que sonhou comigo.
Joaquim teve um acesso de riso. Intrigada com a estranha reação do sujeito, a ruiva disparou:
— Você é muito debochado.
Ainda sorrindo, ele respondeu:
— É o que me resta.
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