Dirigido por Woody Allen, “Noivo neurótico, noiva nervosa” (Annie Hall, 1977) narra o encontro e no decorrer da trama, o desencontro entre o comediante e intelectual Alvy Singer (Woody Allen) e a cantora iniciante Annie (Diane Keaton).
“Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” foi vencedor do Oscar de Melhor Filme, Melhor Atriz, Melhor Diretor e Roteiro Original. Por falar nisto, o roteiro de “Annie Hall” já foi considerado o mais divertido de todos os tempos pelo Sindicato dos Roteiristas norte-americanos (WGA).
Na imagem: Woody Allen e Diane Keaton em “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”. E meu microconto inspirado no filme.
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“AS PONTES DE MADISON”, dirigido por Clint Eastwood, é muito mais do que a breve história de amor entre Robert Kincaid, fotógrafo da revista National Geographic (Clint Eastwood) e Francesca Johnson, uma mulher casada (Merryl Streep). O filme mostra que um encontro definitivo entre duas pessoas não depende do tempo que elas passem juntas: cinco dias ou uma vida. A marca desta profunda ligação amorosa permanecerá intacta enquanto viverem.
O filme transborda sensibilidade para contar o nascimento de uma história de amor: os diálogos, gestos, olhares, envolvem o espectador de tal forma que é improvável não torcer (e sofrer) por Robert e Francesca. Neste sentido, a traição pode ser compreendida e, talvez até justificada, pela força do sentimento verdadeiro entre eles.
Na imagem: Clint Eastwood e Merryl Streep. E meu microconto inspirado na cena.
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“BAGDAD CAFÉ” é um daqueles filmes que a gente guarda na memória afetiva. Dirigido por Percy Adlon, narra o encontro inusitado entre dois mundos. Duas mulheres completamente diferentes com algo em comum: ambas romperam o casamento.
De um lado desta história, Jasmin (Marianne Sägebrecht), a turista alemã, deixa o marido e sai a pé pela estrada no meio do deserto, a caminho de Las Vegas.
Do outro, Brenda (CCH Pounder), dona do Bagdad Café à beira da tal estrada, briga com o companheiro e o expulsa de lá.
Jasmin e Brenda construirão um forte elo de amizade, não sem antes passarem por muitas turbulências. As atrizes esbanjam talento e sensibilidade em seus papéis.. Vale a pena conferir o belíssimo trabalho de construção de suas personagens.
Ainda que este post seja breve, não seria justo deixar de destacar a atuação perfeita de Jack Palance, no papel de um pintor solitário.
iNa imagem: Marianne Sägebrecht e CCH Pounder. E o meu microconto inspirado nesta bela história.
#cinema
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No estúdio envolto em névoa, as tábuas do piso estalavam com meus passos. Observei o megafone em cima da cadeira do diretor, num canto do velho cenário. Não sei por quanto tempo permaneci ali até que um homem surgisse retirando a máscara veneziana de seu rosto. Ao ver quem ele era, mal consegui balbuciar:
— Meu Deus!
— Só Federico.
Diante do cineasta que mais cultuei, eu parecia uma tola sem saber o que falar.
— Nos meus filmes ninguém tem medo de ser humano.
Respirei fundo, antes de conseguir dizer:
— Com tua arte sinto que não estou só.
Federico sorriu, e afagou a minha testa enquanto contava uma breve história:
— Quando fui receber o prêmio por "La Dolce Vita", em Cannes, uma mulher pediu pra falar comigo. Sua voz soava metálica. A ponta do nariz brilhava com o reflexo de um pedaço de metal dourado. E ela carregava um macaquinho no colo. Então a mulher me perguntou: “por que não existe ninguém normal nos teus filmes?”.
Acordei com o som da minha gargalhada. Depois do riso solto, o sonho me traria uma sensação de paz: era quase um abraço.
Obrigada, Fellini.
Grazie, maestro.
(*) A passagem no Festival de Cannes foi relatada pelo cineasta em um documentário.
(*) IMAGEM: FEDERICO FELLINI, ANITA EKBERG E MARCELLO MASTROIANNI DURANTE AS FILMAGENS DE “LA DOLCE VITA”
BOAS FESTAS 🎄🎅
BONS FILMES 🎥 🍿
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A festa de Babette caiu numa sexta-feira, 13. Para comemorar a hora do pesadelo, digo, seu aniversário, ela contratou o show de Truman. Na primeira atração da noite, os caça-fantasmas cantaram no coro do professor aloprado, o terror das mulheres, animando um pequeno grupo na plateia: de um lado, o exorcista numa estranha dança com lobos, do outro, como sempre, o diabo veste Prada e os fantasmas se divertem.
No fundo do salão, a pequena Miss Sunshine e o Mágico de Oz devoravam tomates verdes fritos, sonhando com a fantástica fábrica de chocolate.
Perto deles, um príncipe em Nova Iorque compartilhava o segredo com a princesa prometida. Numa noite sem fim ele encontrara um lobisomem americano em Londres. A princesa arregalou os olhos e ele acabou confessando, após um longo suspiro:
— Eu me sentia em um sonho de uma noite de verão, ao som da sinfonia inacabada “Pelados em Santos”. Ah, esses desejos selvagens, essa fome de viver. Foi uma louca escapada.
Em outro canto da festa, Kramer X Kramer, no round 6, praticavam seus jogos mortais:
— Meu primeiro amor pra cá. Meus bens confiscados pra lá.
— Batatinha frita, um, dois, três.
Na pista, as patricinhas de Beverly Hills ouviam as histórias de uma noite sobre a Terra de um convidado bem trapalhão:
— Eu entrei na pequena loja de horrores, gritando: tragam-me a cabeça de Alfredo Garcia. Quero ser John Malkovich se estiver mentindo. Juro pela pele que habito: o balconista parecia a Cleópatra de ressaca. E o cara falou: seu pedido tá lá com a Virgínia, a dona da loja. Agora dá uma olhada na cara de brava daquela mulher e me responda: “Quem tem medo de Virgínia Woolf?”
Lá fora, o mesmo amor, a mesma chuva: a Bela e a Fera dançavam no jardim secreto sob o feitiço da lua. Ou seria do tempo? Com certeza era de Áquila. E então ela pediu para ouvir algo romântico. E ele sussurrou em seu ouvido:
— Todos dizem eu te amo, mas eu não sou um homem fácil. Sou uma fera.
Longe do burburinho da festa, a professora de piano e o violinista no telhado filosofavam sobre a insustentável leveza do ser quando ela disse:
— Ensina-me a viver.
— Cada um vive como quer.
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