DOLCE VITA
INSTAGRAM: @dolcevitacontos
Capa Meu Diário Textos Áudios Perfil Livro de Visitas Contato Links
Meu Diário
24/11/2021 21h29
A LOUCA DO CINEMA: O ESTRANHO CASO DO TREM

O expresso da meia noite passou ao lado das pontes de Madison com a dama do lotação no comando da locomotiva. No primeiro vagão, o cozinheiro, o ladrão, sua mulher e o amante falavam sobre a vida dos outros sem mencionar, por pura inveja, o fabuloso destino de Amélie Poulain. 

 

Próxima ao grupo, a secretária procurava um lugar silencioso para ler o diário de Bridget Jones: aquele sim era o diário de uma paixão. A primeira página trazia a dedicatória: “Para todos os garotos que já amei, o ano passado em Marienbad”. 

 

A secretária esboçou um sorriso:

 

— Ah! Garota exemplar, me chame pelo seu nome no clube dos cinco. A época da inocência é coisa do passado. Que venham as ligações perigosas. 

 

Em outro vagão, noivo neurótico, noiva nervosa, doentes de amor, discutiam entre gritos e sussurros, quando ela disse:

 

— Ou você para agora com isso ou conto tudo sobre a minha mãe desde nasce uma estrela até 2001 uma odisseia no espaço. 

 

Os estranhos vizinhos, Fanny e Alexander, ao ouvirem a briga do casal improvável começaram a repetir sem parar:

 

— E o lado bom da vida? E o lado bom da vida? E o la-do bom da vi-da?

 

Eu, você e todos nós também gostaríamos de saber, mas voltando à história oficial…

 

No sinistro vagão da garota do trem e o último dos moicanos o clima era de amor à flor da pele e beijos proibidos. Mas, num piscar de olhos bem fechados, Blow-up, depois daquele beijo, a trama fantasma: eles se transformaram em amantes eternos de M, o Vampiro de Dusseldorf e da Bruxa de Blair, que não se cansava de defender as vantagens de ser invisível. (500) dias com ela provariam o contrário. 

 

Da janela do seu vagão era possível ver as primeiras luzes da cidade surgirem no horizonte perdido. Hora de dizer:

 

— Adeus, Lenin. A fraternidade é vermelha. 

 

Bem longe dali, no morro dos ventos uivantes, alguém ouviria uma voz responder:

 

— Adeus, minha rainha. Vou guardar para sempre o sétimo selo de sua coleção.

 

Publicado por Dolce Vita
em 24/11/2021 às 21h29
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
 
23/11/2021 19h09
A LOUCA DO CINEMA: PERDIDOS NA NOITE

Era uma vez em Hollywood, onde os fracos não têm vez, a história de um casamento que durou 4 meses 3 semanas e 2 dias. O homem urso e sua esposa ninfomaníaca, o retrato de uma jovem em chamas, passaram a lua de fel perdidos na noite dentro do labirinto do fauno. 
 

Inconformada, ela disse:

 

— Você me prometeu nove semanas e meia de amor em Roma, Casablanca e Manhattan.

 

Ele deveria responder embriagado de amor, mas foi apenas cínico:

 

— E a volta ao mundo em 80 dias, você não quer?

 

A jovem retirou a fita branca dos cabelos encarando o esposo:

 

— Desencanto. O segredo dos seus olhos: uma noite de sexo, mentiras e videotape. 

 

— Você queria o quê? Um gigolô americano com cara de por quem os sinos dobram cantando na chuva? 

 

— De repente, no último verão… 

 

— Isso aqui não é o império dos sentidos.

 

Ela rebateu:

 

— Nem dos sonhos. 

 

Antes do anoitecer, a mulher do homem urso pensou nele, sempre ele: o irlandês que conhecera em 1917. Sob a pele, a sintonia de amor. 

 

Ao seu lado, o homem urso sonhava com a mulher do tenente francês. Ela, sempre ela, Kika, de salto alto, gritando:

 

— Ata-me!

 

E a noite americana terminaria assim, em clima de amor, sublime amor. 

 

 

 

 

Publicado por Dolce Vita
em 23/11/2021 às 19h09
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
 
21/11/2021 20h15
NO ESCURINHO DO CINEMA

Ao ver uma linda mulher, ele sentou-se ao seu lado e não resistiu:

 

 

 

— Você vem sempre aqui?

 

 

 

 

 

Sem tirar os olhos da tela do cinema, ela respondeu:

 

 

 

 

 

— Só quando quero me lembrar que o amor pode dar certo. 

 

 

Publicado por Dolce Vita
em 21/11/2021 às 20h15
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
 
21/11/2021 16h32
A LOUCA DO CINEMA: FILMES QUE AMAMOS (2)

— Bom dia, Vietnã.

 

— Hiroshima, meu amor. 

 

— Sem novidade no front?

 

— Paris está em chamas. Mas o grande Lebowski saiu do clube da luta e tá curtindo a vida adoidado em Paris, Texas.

 

— E além da linha vermelha?

 

— Relatos selvagens. Em Roma, cidade aberta, invasões bárbaras do incrível exército de Brancaleone.

 

— Bastardos inglórios.

 

— E la nave va mar adentro...

 

— De volta para o futuro. 

 

— Rede de intrigas: todos os homens do presidente contra Blade Runner. O caçador de andróides capturou os imperdoáveis Bonnie e Clyde. Num golpe de mestre, Django Livre fugiu.

 

— Pulp Fiction de Cinema Paradiso. Como diria Priscilla, a rainha do deserto: do mundo nada se leva.

 

— Mas quem disse que a felicidade não se compra? 

 

— Doutor Jivago no Bagdá Café, antes do amanhecer. 

 

— Jurava que era Lawrence da Arábia, sob o céu que nos protege.

 

— O céu pode esperar. Adivinha quem vem para o jantar no Festim Diabólico?

 

— Julieta dos Espíritos? 

 

— Rocco e seus irmãos ladrões de bicicleta.

 

— Meus caros amigos do sindicato de ladrões.

 

— Feios, sujos e malvados.

 

— Os brutos também amam.

 

— Eles não usam black tie. 

 

— Mas são loucos de paixão por laranja mecânica e morangos silvestres.

 

— Ah! O esplendor na relva: como era verde meu vale, os pássaros, um sonho de liberdade. 

 

— A liberdade é azul. 

 

— Veludo azul?

 

— Quanto mais quente, melhor: instinto selvagem e atração fatal.

 

—  A primeira noite de um homem a essa hora? Tempo de despertar.

 

 —  Ah! Malvada! O amor não tira férias.

 

—  Bye Bye Brasil.

 

— Hasta la vista, baby.

Publicado por Dolce Vita
em 21/11/2021 às 16h32
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
 
20/11/2021 02h32
A LOUCA DO CINEMA: FILMES QUE AMAMOS

FILMES QUE AMAMOS 

 

— Boa noite, Cidadão Kane.

 

— Olá, Dr. Fantástico.

 

— Qual a intriga internacional de hoje?

 

— Pergunta malvada. Responderei apenas com uma condição: não quero uma palavra sequer sobre o curioso caso de Benjamin Button.

 

— Prefiro viver acossado nos embalos de sábado à noite ou vender bicicleta pra ET.

 

— Isto é um pacto de sangue?

 

— Se preferir, também sinistro.

 

— Então, é o seguinte: dizem que o poderoso chefão dançou o último tango em Paris.

 

— É tudo verdade?

 

— Uma grande ilusão. Aquele corpinho tá mais pra crepúsculo dos deuses do que sinfonia em Paris.

 

— Um corpo que cai.

 

— É a regra do jogo.

 

— E assim caminha a humanidade nessa fogueira de vaidades.

 

— Os incompreendidos tempos modernos.

 

— E o discreto charme da burguesia não é mais o mesmo.

 

— Uma janela indiscreta, mas o pecado mora ao lado.

 

— Ah! Se meu apartamento falasse.

 

— Ran?

 

— E o vento levou sua inteligência ou só o brilho eterno de uma mente sem lembranças?

 

— O enigma de Kasper Hauser.

 

— Mais um estranho no ninho. 

 

— No entanto, a vida é bela.

 

— Em algum lugar do passado.

 

— Tarde demais pra esquecer.

 

— A flor do meu segredo é a rosa púrpura do Cairo.

 

— A bela da tarde.

 

— Gilda, Laura ou Lolita?

 

— Se bobear até Carrie, a estranha.

 

— Minha paixão é Sabrina.

 

— Prefiro a bonequinha de luxo.

 

— Ontem revi Despedida em Las Vegas. Imagine que para muitos o filme é um porre.

 

— Se fosse só um porre, o fígado do cara estava salvo. 

 

— Por falar em porre, o uísque aqui é ótimo. 

 

— Qual o nome desse boteco mesmo?

 

— La Dolce Vita.

 

— I’ll be back.

Publicado por Dolce Vita
em 20/11/2021 às 02h32
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
Página 34 de 48